Quando te levei...


Quando te levei na mata fechada,
não foi só para ver passarinhos..., foi para ver
que árvores morrem não por causas naturais...
Quando te levei para arar a terra com a enxada,
abrir a cova e colocar a semente;
não foi porque precisava deste trabalho...
Foi pra ti ver o milho nascer, florescer,
dar o fruto e depois como colher...,
e ver de onde sai o pão..
Quando te levei na colheita do milho;
ensinei a fazer um cesto de taquara e cipó;
não foi porque dele precisavas;
mas para ver como se carregava o milho da roça..., sem a tecnologia de agora...
Quando te levei na mata para desarmar arapucas de caçadores,
não foi pra te ensinar a caçar;
foi pra ti ver que sempre enfrentamos predadores dos indefesos
e que a vida, tem que continuar a voar...
Quando te levei no mar e ensinei pescar;
não era para comer peixe frito ou assado;
Foi pra ti ver que se pode dar uma chance pra vida continuar...
Quando te mostrei o mar, ensinei a nadar no fundo,
mesmo tu sendo recém nascido;
não foi para ser mais um nadador,
mas sim para reagir diante das dificuldades...
Quando te levei na terra bruta e te mostrei as formigas,
foi pra ti saber que na natureza,
ela também luta pela sobrevivência, no que tu cultivar,
e que tudo acontece em cada estação...
Quando te levei nas plantas e te mostrei o lindo esvoaçar das borboletas,
eu não te falei que elas,
como lagartas destruiriam o que plantasse no espaço delas,
mas que diante de toda destruição a vida tem que continuar...
Quando te levei para plantar o milho,
não te disse que as vacas do vizinho,
não tinham fronteira e viriam comer as espigas..., porque donos eternos,
de nada somos aqui...
Quando te levei pra ver que a neve destruira toda plantação,
te ensinei a comemorar com um grande jantar,
porque a vida humana é feita
de recomeçar com coragem para viver,
sobreviver,
e que se pode refazer, construir felicidade...
Que tudo que é material é efêmero,
com prazo de validade,
até mesmo nós,
nesta viagem pelo cosmos,
no planeta Terra.
Só o amor,
só o amor para a vida compreender..., e coragem
pra viver tem que se ter,
porque há sempre um porteira para se abrir e seguir vivendo...

By Soraya LUZMacedo

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