


Aprenda Como compreender os adolescentes
Aquela mulher expressava uma preocupação muito vulgar: «O meu filho tem quinze anos e a minha filha vai fazer treze. Eu e o meu marido passamos a vida a ouvir falar dos problemas que afectam os adolescentes de hoje: sexo, droga, álcool, alienação, abandono dos estudos. Estamos seriamente preocupados com eles!»
Calou-se por momentos e depois continuou: «Fomos sempre uma família muito unida, mas agora acho que as coisas vão mudar ... »
«Mas porque é que hão-de ter de mudar?», perguntei, curioso. Embora um adolescente sofra profundas modificações físicas e emocionais, isso não significa necessariamente que ele se torne imoral ou anti-social. Os jovens com problemas deste tipo representam apenas uma pequena percentagem da totalidade dos adolescentes.

Não existe, para tanto, uma fórmula mágica. No seio de uma mesma família, cada adolescente tem atitudes e reacções que lhe são próprias. No entanto, há certas linhas de conduta que podem ajudar os pais a evitar os erros mais vulgares nesta fase da vida dos filhos.
Prepare-se a tempo e horas.

Habitue-os a tomar decisões.

«Quando saímos juntas, a minha filha, de catorze anos, vai sempre um passo ou dois atrás ou à frente. Será que tem vergonha da própria mãe?» A explicação é simples: como os jovens da sua idade se reúnem nos cafés ou nos jardins, ela não quer ser vista a passear pela cidade com a mãezinha. Dando aos adolescentes mais espaço - em todos os sentidos -, você estará a manter a imagem de independência que eles querem dar e evitará conflitos inúteis.
Você nem sempre irá compreender o porquê das atitudes dos seus filhos. Por vezes, eles têm, de facto, comportamentos estranhos. É o que costumo aconselhar aos pais é prudência no terreno das discussões. Decida, pois, quais os comportamentos que pensa poder tolerar e evite atribuir-lhes importância demasiada. Talvez tenha uma surpresa quando o seu filho chegar à conclusão de que o cabelo à punk já não lhe fica bem.
Compartilhem os seus mundos.


O simples fato de abordar questões de interesse comum geralmente abre as portas à comunicação. E, uma vez abertas, nunca se sabe o tipo de confidências cruciais que delas podem sair.
Não esqueça a importância das refeições.
Ponha o relógio a despertar 10 minutos mais cedo, tome um bom pequeno-almoço em família e procure manter a conversa animada à volta da mesa. Se o seu filho adolescente disser que vai ter um ponto de Matemática, lembre-se de que esse já não é o momento indicado para o recriminar por não ter estudado o suficiente. Deseje-lhe boa sorte e anime-o. (Um telefonema nessa mesma tarde para saber como correu o ponto talvez seja boa ideia.) Se vier a propósito, diga que também você vai ser posto à prova nesse dia numa importante reunião de negócios ou numa visita a um cliente. Este tipo de informação cria uma ligação especial entre pais e filhos.
Com um pouco de esforço, você pode fazer do jantar uma experiência familiar mais rica. Na nossa casa, te mos como lei não ver televisão durante as refeições. Nada impede tanto a comunicação entre as pessoas como um aparelho de televisão. Sou eu mesmo que incito as minhas filhas a trazerem os amigos para jantar e também convido os meus colegas. Dou a entender que nenhum assunto é tabu, e as nossas conversas são geralmente descontraídas e esclarecedoras.
Conheça os amigos dos seus filhos.

E se o seu filho preferir encontrar-se com os amigos fora de casa? Arranje outra maneira de poder conhecê-los, como aquela mãe que convidava os amigos da filha para ensaiarem lá em casa a peça que iam representar na escola. Evite criticar os amigos dos seus filhos: «A Maria pinta-se demasiado» ou «O João tem sempre um ar desmazelado». Lembre-se: o essencial é manter abertas as portas da sua casa e saber quem são as companhias do seu filho. Se o seu filho adolescente resistir aos seus esforços nesse sentido, pergunte-lhe, mas sem agressividade: «Com quem é que tens andado nestes últimos dias?» ou «Por que é que eu nunca vejo os teus amigos?» E, se também isso não der resultado, talvez convenha levar o inquérito um pouco mais longe.
Crie redes de informação.

Uma outra fonte de informação são os outros pais - não propriamente uma rede de espionagem, mas um meio de averiguar o que eventualmente possa acontecer além da rotina do dia-a-dia. Por exemplo, suponha que a sua filha, de 16 anos, lhe diz que foi convidada por uma amiga para ir passar o fim-de-semana na quinta dos pais dela. Como verificar a veracidade do que diz sem que ela se irrite com as suas desconfianças? Se a sua filha se opuser a que telefone aos pais da amiga para lhes agradecer o convite, faça-lhe ver que é um pai (ou mãe) que se preocupa com o que lhe possa acontecer. De qualquer modo, talvez consiga confirmar o convite sem desencadear uma tempestade de protestos.
Estabeleça limites razoáveis.

É inteiramente errado achar que os adolescentes devem cometer toda a espécie de asneiras para «aprenderem» o que está certo. Como pai ou mãe, você tem obrigação de lhes fornecer o acesso a informações correctas sobre o álcool, drogas e sexo muito antes de eles chegarem à adolescência. Isso pode ser feito em casa, na igreja, na escola ou através de leituras adequadas. O que raramente dá resultados práticos são os compridos sermões e as tácticas de amedrontamento. Se há um ou outro assunto em que não se sente à vontade, não hesite em procurar ajuda especializada. Aconselhe-se com o médico, um padre ou um psicólogo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário